A gorda. Na frente da praça,
desolada. Sozinha. Os carros passando, as pessoas passando. Todos sem face.
Ninguém pode sentir a dor que ela sente agora. O frio corta sua pele branca
quase a fazendo sangrar. A paisagem cinzenta e a chuva que se aproxima – típicos
daquela época do ano completam o cenário triste. Ela pensa no acontecido, em
cada momento que antecedeu àquele momento trágico. Nos seus fones toca uma
música triste, Röyksopp talvez. E ela para. Agora, não há mais nada para a se
fazer. Tudo acabou. Ela vê o prédio do outro lado da rua com a porta aberta.
Caminha até a entrada e vê as escadas de mármore desgastadas pela ação do
tempo. Sobe cada degrau como se fosse a última vez – e talvez seja -, dirige-se
a um dos elevadores que estão de portas abertas no térreo. Ela entra e
pressiona o botão que a leva ao último andar. Durante a subida, ela relembra
mais uma vez cada uma das cenas da manhã anterior. Tudo aconteceu tão de
repente, numa ordem perfeita...
Ao chegar ao topo, ela admira a
vista... Realmente, a cidade é linda, com sua paisagem cinzenta e suas pessoas
sem face. E então ela sobe na mureta. E pula. E voa. E se liberta.
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