sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Bem

O que é estar bem? Como pode ser definido? Para uma criança, estar bem é ficar com seus brinquedos. Para um adolescente, estar bem é gostar de suas bandas rebeldes e estranhas. Para um jovem, estar bem é ficar com seus amigos e com suas músicas. Para os adultos o bem é... Os bens são...

Garantia de vida, segurança e status social?

E para o velho? O bem é estar vivo, sem depender da ajuda alheia.

Para mim, o bem é você que lê esse texto. O bem é bom.

Estar bem,
Ficar bem,
Fazer o bem,
Amar alguém.

Talvez, a vida não seja tão ruim quanto aparenta ser.

Prece da favela


Ó virgem santíssima!
Orai por nos, os favelados
que vivemos as margens da sociedade
sem carinho e compreensão.
Intercedei pelos pais de família que saem de casa ao raiar do dia,
Para botar o pão na mesa dos seus.
Pelas crianças que brincam nas vielas,
E são atingidas por balas que lhes ferem a inocência.
Orai pelas mães de família...

E pelas putas.

Sim, as putas também merecem a Sua atenção.
Corpos vazios de dignidade,
Deflorados diante da sociedade hipócrita.
Clamai pelos traficantes,
Com suas crianças-soldado-urbanas,
Gente oprimida,
E esquecida pelo Estado.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Manifesto da fragilidade

Deixe-me,
Pois essa noite quero apenas ser triste
Sem fingimentos, sem armaduras
ser apenas a realidade.

Livre de qualquer artifício
Máscaras, desculpas ou proteções
Elas ficam pelo caminho
E minha nudez é revelada.

O brilho das estrelas toca minha pele.
Brilho frio, suave e pálido.
A luz branca da lua me cega
Estou fragilizado e indefeso.

Acostumado a viver nas trevas
Sinto-me desconfortável,
Pois no escuro estou seguro, coberto e invisível.
Mas agora estou aqui, sozinho e fragilizado, sendo quem realmente sou.

Sonho

Tenho vivido um sonho
onde as fantasias se tornam realidade.
o medo não existe
E a felicidade é ter você por perto

Há um caminho de tijolos amarelos
que me leva até a sua presença
onde chego e toco sua pele
e a sinto arrepiar por estar comigo

Fecho os olhos e penso: -Seria realidade ou ficção?
Utopia
Ter você ao meu lado, criando os nossos filhos no quintal do mundo.
Ou talvez um cachorro.

Mas ai o céu se fecha
e nuvens negras tomam conta da paisagem.
O vento morno e tranquilo dá lugar a uma tempestade agressiva
E as folhas se desprendem das árvores.

O chão se abre num abismo sem fim
Vou caindo, vendo a luz se distanciar.
Batendo contra o chão frio do fundo de uma caverna 
Sinto o sangue escorrer de meu corpo já sem vida.

Acordo exausto.
Tudo foi tão real e intenso
Mas não passou de uma viagem.
Miragem, oásis no meio do meu deserto chamado existência.

Ode aos corações partidos

Aos corações em pedaços, saúde.
às decepções amorosas, um brinde.
Os momentos passados juntos merecem ser lembrados,
Ou esquecidos?

A roupa que ganhei
A foto tirada
Lembranças
Merecem ser destruídas.

Meu amor foi para o limbo
E não fiz questão de ir buscá-lo
Ele será morto, mas não me importo com o que acontecer.
A cada instante ele já se desfaz, pois me tornei como pedra.

E quando essa dor passar
Os momentos passados serão lembrados
Mas sem nenhuma nostalgia
Porque eles nunca aconteceram.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Destruidor

Oi, eu vim para destruir seu coração.

Sou fútil, sou lindo, sou esperto e sedutor. Vou te prender em minha rede e te conquistar. Vou te fazer implorar por mais e quanto mais pedir, menos darei. Sim, eu vou te fazer sofrer, pois sou bom demais para te deixar ileso. Não é esse meu objetivo. Eu apenas sou um destruidor de lares, de famílias, de sonhos e pessoas. Sou homem de uma noite só. Quando quiser de novo, não terá. Sou mau. Tenho a escuridão cravada em minha alma. Um dia já possuí um espírito bom, mas ele foi transformado pelas circunstâncias. Agora, eu dou as cartas e você joga o meu jogo. Eu te tenho sob meu domínio; é meu direito. Eu te desafio a me conquistar, mas isso é uma batalha perdida. Não tenho coração, apenas veias que se entrelaçam, assim como a fundura de minha negra alma. Você está perdido e condenado a sofrer eternamente porque gostou da pessoa errada. Você me amou.

Paisagem

Eu só preciso de um minuto da sua atenção.

Você vê essa chuva que cai lá fora? Então... Também estou assim por dentro. Desbotado, pálido, sem vida e seco. Como o inverno faz cair as folhas das árvores, assim também caíram as da minha árvore chamada esperança. O vento frio corta meu rosto e me faz sangrar. Um sangue cinza, viscoso e fétido. Apodreci. As raízes foram perdendo a força. Velhas, não resistiram a ação do tempo e dos agentes externos. Suas atitudes - ou a falta delas - me mataram. A árvore secou. A vida acabou. O que sobrou é apenas um tronco sem seiva, sem nada. Marrom. Rígido. Combina com a paisagem, não acha? As cores mortas, o ser morto. O vento e o céu contribuem para a conclusão do cenário. Eu pensava que só veria essa cena de novo quando abrisse meus livros da quarta série, mas hoje revivo tudo de maneira mais intensa e real. Com você. Por sua causa. Por sua culpa.

Tristeza

Seu silêncio me mata. Sua apatia me deprime. Meus dias estão cinzentos e a cada minuto que passa, maquino novas causas para sua quietude, sendo minha conduta a principal delas. Estar longe de você tem sido ruim, mas não vejo se realmente daríamos certo juntos. Tenho jogado um jogo de derrotas, onde a cada dia me sinto mais vazio. Eu me esgotei. Eu me dediquei a você, quando pensei ter encontrado a razão de minha existência. O que era pra ser o motivo de minha alegria tem sido a causa de minha miséria emocional. Tenho corrido atrás de migalhas, ido do céu ao inferno a cada minuto por sua culpa. "Você não me ama / Grande coisa". Esses são os versos que tenho ouvido ultimamente. O coração é traiçoeiro. Ele prega peças a cada instante, onde tenho sido um mero fantoche das circunstâncias. É engraçado pensar que me tornei um farrapo, rastejando aos seus pés pelos restos que caem da sua boca. Eu só queria que você fosse sincero e parasse de me fazer sofrer. Eu só queria que me desse o golpe de misericórdia e acabasse logo com essa dor. Ai então a minha alma seria livre... Eu não quero mais jogar. Eu quero ir, pois "Você sabe que eu preferiria andar sozinho / A interpretar um papel coadjuvante / Se eu não posso conseguir o papel principal".

sábado, 25 de agosto de 2012

Robô

Sou um robô. Deixei de ser humano a algum tempo já. Minhas partes foram sendo substituídas. Um braço, outro braço... Uma perna, outra perna... Olhos deram lugar a lentes, neurônios a chips e pele a carcaça de metal. Não penso mais - processo informações -; sou uma máquina. Coração? Não uso sangue. Uso energia elétrica. Ligo-me a tomada e vejo minha vida voltar. Sexo? Não faço. Uso minhas conexões sem fio para transmitir informações. Amor? Não existe. Não existe amor. Entre robôs, entre humanos; entre pedras talvez. Porque há fogo no seu contato, mas não com a madeira que se parte e não se reconstrói. Sou artificial, sou complexo mas sou frágil. Sou mais homem do que nunca.