sábado, 1 de setembro de 2012

Domingo/Mar/Areia

Domingo de manhã quero ir ver o mar. 

Sentar na areia fofa e lisa de um dia cinzento. Ver as gaivotas voando ao longe emitindo seus grasnados e ouvir o barulho das ondas ao se chocarem com a beira da praia. Os raios de sol não passam das nuvens, entregando um dia sombrio. A paisagem é melancólica - diria triste, se não fosse o ruído dos automóveis ao fundo, transitando pela avenida beira-mar -. Olhar pro mar me faz lembrar de você. Cada momento vivido junto, cada beijo, cada noite fria em que me aqueci sob teu corpo, tudo vem a minha mente como em um filme. Agora, está ventando. O tom do cinza se tornou mais escuro e a temperatura diminuiu. Não ouço mais o som dos veículos, tudo está muito distante. Estou no mar. Estou boiando sobre um pedaço de madeira. Sou náufrago de um navio chamado esperança. Tudo acabou, todos, menos eu, morreram. Sobrevivi. A costa está distante, mas o dia cinza permanece. O balanço das ondas é acolhedor e traiçoeiro ao mesmo tempo. Estou com fome, mas não há o que comer. Não há água para beber também, apenas o mar. O mar me cerca. O mar me afasta dos destroços. O mar me faz solitário. Chove e venta. Nesse instante, meus membros me traem e começo a submergir. Tragado pelas ondas, desespero-me pela falta do ar. Cada vez mais fundo, mergulho em um abismo escuro chamado solidão.

Estou deitado na areia.

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