Hoje fui tirar umas xerox. Vida de empregado não é fácil. Enquanto separava as folhas a serem copiadas, pensava na vida. No que tem acontecido. No que ainda pode acontecer.
Acordei me sentindo estranho hoje. Como se todo o ódio do mundo estivesse sobre minhas costas. Fardo pesado esse, da ignorância e intolerância. Como podem as pessoas viverem com tal sentimento?
Enquanto alimentava a copiadora com papel, estava pensando no passado, nas pessoas que se distanciaram de mim, em outras que se aproximaram... É isso mesmo? Há rotatividade de pessoal na nossa vida também? Me senti como o entrevistador que seleciona ou não os candidatos a fazerem parte da corporação (aka minha vida).
Nisso, deixei de marcar algumas cópias tiradas em um pedaço de papel que tinha em mãos. Ao longe era possível ouvir o som emitido pelas pessoas nos outros setores. Ruídos eufóricos, compostos por quase gritinhos de criança que está prestes a receber um presente. Mas eu não fazia parte. Simplesmente era algo não-inerente ao meu momento. Como poderia eu estar tão alheio ao que acontecia nas salas próximas?
Fui contar as folhas de papel.
Deixei passar quatro cópias. Deus, como pude ser tão distraído? Tenho me desligado da realidade com certa facilidade ultimamente. Não compreendo o por quê. Sinceramente, não queria que isso acontecesse, mas não posso mudar...
Acabei. Cento e setenta e três cópias emitidas pela cuspidora de papel e tinta. Uma hora depois, e meu trabalho estava finalizado. Agora, vou voltar para a realidade.
"A lâmpada das máquinas de xerox em contato com o ar realiza a reorganização das moléculas de oxigênio (O2) em ozônio (O3). Esse, irritante para as vias aéreas."